"O Brasil é uma marca sem produto", diz Gloria Kalil, em encontro de moda

"O Brasil é uma marca sem produto", diz Gloria Kalil, em encontro de moda


“O Brasil é uma marca sem produto”, disse a consultora de moda Gloria Kalil, durante painel de discussão sobre a parceria no mercado de moda entre o eixo Paris-São Paulo, realizado na manhã desta sexta-feira (25), na sede da Associação Brasileiras da Indústria Têxtil, na capital paulista.

Gloria não fez rodeios para afirmar que o problema da moda brasileira não era a criatividade, e sim a indústria. "Não temos ainda qualidade, marca e preço. Precisamos melhorar a parte industrial para sermos competitivos", afirmou, com franqueza que provocou aplausos da plateia de profissionais do setor.

Lilian Pacce, Regina Guerreiro e Costanza Pascolato completaram o quarteto de editoras e consultoras de renome da moda nacional no evento que tinha como objetivo fortalecer as parcerias entre empresas brasileiras e francesas, por meio de salões de negócios, parcerias entre estilistas e designers.

Entre os nomes da moda nacional, o destaque foi o estilista Gustavo Lins, que desfila nas semanas de alta-costura e de moda masculina em Paris, como uma figura importante que tem muito a ensinar ao país. A sapateira de luxo Sarah Chofakian e a estilista especializada em tricô Cecília Prado, além da tradicional estilista de acessórios Serpui Marie, foram convidadas para falar sobre a experiência de exportar produto brasileiros (no caso de Cecília, 60% de sua produção é exportada. Já Serpui Marie vende 70% do que produz para fora). As três participam do salão Première Classe, organizado por Boris Provost, também presente no encontro.

“Meu sonho é trazer para o Brasil todo o ‘know-how’ que aprendi na Europa. O que mais me emociona é quando falo para uma costureira que, se ela mudar a maneira como monta a peça, vai ganhar muito mais [porque vai economizar tecido e aumentar a produtividade]”, disse Gustavo Lins, que instalou seu ateliê na capital francesa há 21 anos. Ao contrário de muitos criadores que enfatizam seu lado "artístico", o estilista fez questão de se definir como um “operário” e mostrou interesse em ensinar o mercado brasileiro da moda a trabalhar com a metodologia que emprega em suas criações, aprendida em experiências na França, Alemanha, China e Estados Unidos.

A estilista Gloria Coelho, também convidada da rodada de palestras, afirmou que é necessário “ter um plano” de trabalho, usando como exemplo o filho, Pedro Lourenço, único brasileiro a desfilar na semana do prêt-à-porter de Paris. Para ela, entre os pontos importante ao se gerir uma marca estão a organização da empresa (para que as entregas aos lojistas sejam feitas a tempo, por exemplo), bom desenho e bom preço, o auxílio de um escritório de relações públicas e um marketing forte.

França-Brasil

Um dos caminhos de sucesso para uma relação mais próxima com a moda francesa está nas parcerias entre grifes dos dois países, segundo Etienne Cochet, presidente dos salões Paris Capitale de La Création e da feira Maison & Objet. O exemplo dado foi o da francesa Lacoste com os designers paulistas Humberto e Fernando Campana. “É um exemplo fantástico de todos os pontos de vista, que mostra a conexão entre indústria e imagem, para que surja um produto com valor agregado”, disse ele. O embaixador da H. Stern, Christian Hallot, lembrou ainda na coleção da marca de joias brasileira com a atriz Catherine Deneuve, que resultou na primeira parceria da grife com uma personalidade.

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