Quer estudar moda? Professores e alunos esclarecem dúvidas frequentes

O sonho de ser estilista conquistou inúmeros apaixonados por moda, que todos os anos correm para os cursos na esperança de sucesso. Entretanto, ao chegar à faculdade, muitas vezes o estudante descobre que o atual mercado é bem mais complexo do que parece ser. As dúvidas são frequentes e os estudantes costumam se perguntar sobre as vantagens da faculdade em relação aos cursos técnicos, ou sobre qual área da moda é mais promissora atualmente.

FACULDADE VS. CURSO TÉCNICO

Segundo especialistas, uma das vantagens da faculdade em relação aos cursos técnicos de moda é um maior amadurecimento dos temas abordados. “Dentro da academia há um aprendizado mais eficiente, o aluno tem mais disciplinas específicas, tais como estamparia, moulage, costura, planejamento de negócios, marketing e desenho. Isso não é possível em um curso rápido”, explica o professor Lázaro Elizeu Moura, coordenador da graduação em estilismo do SENAC, em São Paulo.

“A grande vantagem da faculdade é oferecer um número maior de disciplinas, com um enfoque teórico, sem deixar de lado a prática. Além disso, a faculdade permite fazer, posteriormente, uma especialização ou um mestrado”, diz a professora Tatiana Laschuk, da UniRitter, de Porto Alegre.

Entretanto, a não regulamentação da atividade de estilista faz com que estudantes de faculdades e de cursos técnicos concorram pelas mesmas vagas. “Qualquer pessoa pode trabalhar nessa área. O investimento no curso aumenta a cada dia e o retorno é baixo. Os estágios pagam pouco, ou nem pagam. Isso me deixa bem triste”, lamenta a estudante do sexto semestre de design de moda Nina Sodré.

Segundo Renata Tornaim, diretora de criação da marca Tok, os currículos de estudantes de faculdade e de curso técnico são avaliados da mesma maneira. “O profissional da área de moda deve ter, entre outros atributos, criatividade e noções estéticas apuradas. Muitas vezes essas características não são aprofundadas nos cursos, mas sim desenvolvidas individualmente”, explica. Para ela, a experiência é o maior diferencial entre os candidatos. “A prática vivenciada por um candidato tem valor especial, uma vez que só a teoria não é suficiente para a concretização de um bom trabalho. É fundamental a experiência de já ter tornado um produto real e comercial ou de já ter realizado alguma atividade com sucesso”.

MERCADO DE TRABALHO

Estágios e experiências durante a graduação são boas maneiras de adquirir prática e conseguir um emprego. “Uma das minhas maiores dicas para quem está começando na faculdade é entrar em todos os trabalhos sociais, curriculares e estágios não remunerados, pois é assim que você coloca em prática o aprendizado. Eu fiz muitos trabalhos desse tipo e não me arrependo, pois consegui uma rede de contatos enorme, um conhecimento grande e a certeza da área em que eu queria seguir”, afirma Marina Käfer, formanda em moda.

Para quem deseja ter sucesso no mercado, escolher a especialização certa é um bom começo. A área de estilismo, por exemplo, conta com muitos profissionais, mas outros ramos da moda são bastante promissores. “A área de maior interesse para se trabalhar e que está mais saturada é a de criação. As ofertas de emprego para este tipo de trabalho são pouquíssimas e o salário é baixo. Uma área que proporciona muitas oportunidades é a de modelagem, que apesar de ser considerada menos glamourosa, tem mais ofertas e o salário é um pouco mais valorizado”, afirma Tatiana Laschuk, da UniRitter. Renata Tornaim, diretora de criação da marca Tok, confirma: “A modelagem é uma atividade mais técnica e menos pessoas se interessam por desenvolver esse tipo trabalho, fazendo com que os profissionais dessa área se tornem raros e consequentemente mais procurados”.

Entretanto, Lázaro Elizeu Moura, do SENAC, reforça que sempre haverá espaço para profissionais dedicados e talentosos. “O que está saturado é a mesmice. Muita coisa é copiada e revendida à exaustão. Para o criador destemido, preocupado com conforto, qualidade e originalidade, sempre haverá bons trabalhos”. Disciplina e curiosidade são outros diferenciais apontados por ele. “Quem estuda moda não pode se satisfazer apenas com as aulas. Precisa pesquisar muito sobre o assunto, assistir a muitos desfiles, olhar para as tecnologias têxteis, as inovações do mercado, conhecer as tecelagens, não ter preconceito com as linguagens emergentes do setor, estar atento ao consumidor e ser ousado”.

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